O parlamentar falava no âmbito do debate do diploma sobre a alteração do MAR, nomeadamente no que concerne à alteração do regime de hipotecas, à substituição dos diários de bordo em papel por diários eletrónicos e à criação de um comité técnico marítimo.
Carlos Pereira frisou que em causa não está apenas a alteração do decreto-lei de 1989 que criou o MAR. «Esta discussão é também sobre a capacidade e a vontade do país, do Estado, mas também da Assembleia da República em criar condições para promover o desenvolvimento de regiões que estão afastadas dos centros de decisão, que estão a meio do Atlântico, que estão confrontadas com obstáculos estruturais e que precisam de mecanismos desta natureza para criar riqueza e emprego», sustentou.
Por outro lado, além da alteração ao regime de hipotecas dos navios, para torná-lo mais competitivo e estar ao nível dos melhores regimes europeus, como do Reino Unido, da Holanda, da Grécia e mesmo do Chipre, Carlos Pereira referiu que esta é também uma discussão sobre «o caminho que deve ser feito para promover a diversificação da economia numa região pequena, que tem um mercado minúsculo, que não tem economias de escala, que é pouco resiliente a variáveis exógenas – como estamos a ver hoje com a crise pandémica que vivemos – e tem enormes dificuldades em gerar riqueza».
O socialista apontou igualmente a história de sucesso que começou em 1989 e que, hoje, posicionou o MAR no topo dos melhores registos europeus e com mais navios registados. «Esta história de sucesso é por causa da boa articulação que foi conseguida entre as autoridades regionais e nacionais, surgindo, a partir daqui, uma nova geração de gente mais qualificada e capaz de trabalhar em ambiente internacional», declarou, acrescentando que este é igualmente um debate sobre o futuro do País e sobre a necessidade de aproveitar casos concretos desta natureza para consolidar um ‘cluster’ do mar e para garantir que, de facto, a economia do mar passa a ser uma realidade.
Carlos Pereira referiu-se ainda às famílias que dependem do Centro Internacional de Negócios e do MAR e acusou o Bloco de Esquerda de, de forma leviana, colocar em causa um registo desta natureza, que «tem um impacto efetivo e não abstrato sobre as famílias da Madeira».