O Grupo Parlamentar do PS vai dar entrada na Assembleia Legislativa da Madeira a uma proposta de recomendação ao Governo Regional, no sentido de haver uma valorização do trabalho dos produtores de cana-de-açúcar, uma das produções típicas da Região, que tem o mel de cana e o rum da Madeira como derivados.
Como adiantou o deputado Victor Freitas, em conferência de imprensa realizada esta manhã nos Canhas, a proposta socialista pretende que o preço pago aos produtores de cana tenha uma relação com a comercialização do produto final. O parlamentar recordou que, o ano passado, na visita que Miguel Albuquerque efetuou ao Festival do Rum, afirmou que o valor pago pelo rum tinha duplicado em dois anos, algo que não se verifica em relação ao preço pago aos produtores de cana, cujo valor nem chegou a duplicar em 20 anos. “Em 2004, segundo dados da própria Secretaria, pagavam por quilo 24 cêntimos. Em 2024, pagam 40 cêntimos. Ou seja, não duplicou. O que o PS quer é que exista esta relação entre a venda dos derivados da cana-de-açúcar e o valor pago aos produtores”, especificou.
Por outro lado, Victor Freitas defendeu que o preço pago aos produtores seja fixado no início da plantação, para que estes saibam com o que podem contar, já que, atualmente, esse valor é definido um mês antes da apanha da cana-de-açúcar. O deputado salientou que o que acontece é que os agricultores plantam a cana, têm grandes custos com a manutenção, a aplicação de fitofármacos, o pessoal e o transporte do produto para os engenhos e vivem numa incerteza e não têm uma perspetiva, porque “têm de fazer um investimento ao longo do ano e só depois é que sabem se terão algum lucro”. “O que nós queremos é que, no início do processo, quando plantam a cana, já saibam a que valor é que poderão vender e já saibam com o que contam, para não acontecer o que tem acontecido, que é plantios de cana-de-açúcar que têm deixado de ser produzidos e passaram a outro tipo de produtos”, vincou.
O socialista não deixou também de se referir à ajuda à produção, no valor de 10 cêntimos, que acontece a apenas a título excecional, por ser ano de eleições. “No dia 16 de janeiro foi anunciado que o preço a pagar seria 40 cêntimos (21 cêntimos do POSEI e 19 dos engenhos), para depois, nas vésperas das eleições, existir esse apoio de 10 cêntimos aos custos de produção”, observou.
Victor Freitas frisou que os custos de produção têm aumentado ao longo dos anos e que os apoios têm de ter regularidade. “O Governo não pode utilizar isso como uma forma de, em ano de eleições, aparecer bem aos olhos dos eleitores e, durante os outros três anos em que não há eleições, fazer de conta que não existem custos elevados para a produção da cana-de-açúcar.