Ajudar a resolver os problemas e criar condições para a boa integração das comunidades de emigrantes e lusodescendentes que regressam à Região, bem como imigrantes que, pelas mais diversas razões, escolheram a Madeira para viver, é o objetivo da Secção da Diáspora e das Comunidades, a nova estrutura do PS-M, formalmente apresentada esta manhã.
Na ocasião, Sérgio Gonçalves explicou que a criação desta secção foi algo a que se propôs logo no congresso que o consagrou presidente do PS-M e que integrava a sua moção de estratégia global. “Nós sentimos que é necessário dar voz a todas estas pessoas, porque são pessoas que têm dificuldades de integração, mas também outras dificuldades que são igualmente sentidas pelos madeirenses, nomeadamente no acesso ao mercado de trabalho, à habitação e à saúde”, explicou o líder socialista, justificando, portanto, que “era necessário termos uma secção que desse voz, que identificasse os problemas e que, na medida do possível, pudesse construir soluções políticas para que possamos melhorar a integração de todas estas comunidades aqui na Região”.
Sérgio Gonçalves vincou que é fundamental valorizar estas pessoas que regressam à Região e aquelas que optam por vir para cá viver e trabalhar. “Quando sabemos que, nos últimos 10 anos, saíram 17 mil madeirenses da Região, que tanta falta fazem à nossa sociedade e à nossa economia, toda esta mão de obra também é importante, tem de ser valorizada e tem de ser devidamente integrada”, referiu.
O presidente do PS-M aproveitou para apontar baterias ao Governo Regional, que tudo promete em ano de eleições, mas que depois, como se viu em relação àquilo que foi prometido às comunidades em 2019, acaba por “defraudar as expetativas que foram criadas”. “Há partidos que fazem promessas apenas com objetivos eleitoralistas. Aquilo que nós fazemos é desenvolver políticas, integrando a comunidade na procura dessas soluções e prometemos implementar essas soluções quando formos governo na Região”, declarou Sérgio Gonçalves.
Está na hora de mudar
Jesus Santana, um dos coordenadores da Secção da Diáspora e das Comunidades, filho de emigrantes na Venezuela que regressaram à Madeira, mostrou a sua profunda ligação à Região e garantiu o seu empenho na defesa da Autonomia e no seu uso para servir as pessoas. “Estaremos focados em apresentar propostas e soluções para os problemas da Madeira. Vamos mudar esta tendência de empobrecimento e trabalhar para melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos da Região”, afirmou, acrescentando que a Madeira tem a maior taxa de risco de pobreza e exclusão social e o mais baixo poder de compra, resultado das dificuldades estruturais que o PSD-CDS não conseguiu resolver.
“É hora de inverter este ciclo e lutar contra a desigualdade da nossa sociedade”, disse Jesus Santana, deixando um repto a todos os jovens madeirenses, emigrantes e lusodescendentes: “Está na hora de mudar, Madeira”. O coordenador convidou todos os trabalharem por “uma Madeira verdadeiramente democrática e que tenha oportunidades para todos”, vincando que o PS “é a única alternativa política real e capaz de diminuir a burocracia e o monopólio que prejudica há mais de 40 anos toda a nossa população e o interesse da nossa Região”. Conhecedor do regime venezuelano, Jesus Santana não deixou de considerar que existem pequenas semelhanças na Região com os “regimes autoritários dentro da democracia”, apontando, por exemplo, o facto de cá existir “muito controlo de instituições”.
Por seu turno, Marlene Sousa, também coordenadora da Secção, destacou a importância da criação desta estrutura para dar voz às comunidades, com o intuito de ajudar a resolver as dificuldades que sentem no território regional, em termos habitacionais, laborais e de reconhecimento de equivalências. Disse, aliás, que este último é um dos principais problemas, tendo em conta os obstáculos criados pelas ordens profissionais. De acordo com Marlene Sousa, esta situação está a levar a que muitas pessoas tenham de se dedicar a outros trabalhos e a que algumas estejam a optar por procurar esse reconhecimento noutros países, como Espanha ou Panamá.
PS quer valorizar as comunidades, ao contrário do PSD, que as usa
Já Paulo Cafôfo, presidente da Comissão Regional do PS-M, expressou a sua satisfação pelo facto de o Partido criar esta secção para ouvir e apoiar as comunidades, lembrando o facto de, ao longo de tantos anos, muitos madeirenses terem saído da Madeira em busca de novas oportunidades, terem construído novos mundos e trazido “novos mundos à Madeira”.
Considerou, por isso, que é hora de estarmos todos juntos e contribuirmos para, “com políticas certas, podermos melhor olhar e apoiar as comunidades”. Segundo Paulo Cafôfo, o que temos assistido nos últimos anos é a um PSD que tem usado as comunidades para “fins político-partidários”. “Aquilo que o PS pretende é valorizar e apoiar, e não usar estas comunidades”, vincou.