O Partido Socialista-Madeira deu hoje início à iniciativa ‘Saber Ouvir’, que pretende auscultar os madeirenses e os porto-santenses acerca dos seus problemas e anseios, de modo a encontrar as melhores soluções para o futuro da Região.
O evento foi o pontapé de partida para aquele que é um movimento inédito na Madeira, que pretende ouvir as pessoas não só frente a frente, como também em formatos diferentes. “Teremos aplicações e plataformas digitais onde os madeirenses poderão dar contributos e sugestões, participando na construção daquele que é um programa eleitoral inovador, que queremos que seja o Programa de Governo onde os madeirenses se revejam”, disse Sérgio Gonçalves.
Na iniciativa desta tarde, na qual ouviu os testemunhos de diversos intervenientes em temáticas como o custo de vida, a fiscalidade, os baixos salários, a falta de diversificação da economia, a habitação, a educação, as questões sociais, a saúde, a emigração, os desafios da juventude e o despovoamento da costa norte, Sérgio Gonçalves apontou a auscultação da sociedade civil como “absolutamente prioritária”. Conforme referiu, enquanto que iniciativas como a ‘Academia PS’ ou os ‘Estados Gerais’ se constituíram como momentos de auscultação de especialistas, o ‘Saber Ouvir’ é um momento para ouvir os madeirenses e porto-santenses em geral, abrindo espaço para que possam dar os seus contributos sobre “aquilo que pensam ser melhor para a Região e para as suas vidas”.
“A Região tem a mais alta taxa de desemprego, o rendimento médio mais baixo do país, o mais baixo poder de compra. Continuamos a ser uma terra de emigração, tendo nos últimos dez anos 17 mil pessoas deixado a Região por falta de oportunidades. Por isso, é preciso também ouvir as pessoas para melhor decidir e para construir uma Madeira melhor”, sublinhou o presidente do PS-Madeira.
PSD e CDS estão fechados nos gabinetes e alheados da realidade
Sérgio Gonçalves aproveitou também a oportunidade para criticar o Governo Regional e os partidos que o sustentam, referindo que “estão fechados nos gabinetes” e “alheados da realidade”.
“Quando temos um aumento brutal do custo de vida e uma inflação como não víamos há 30 anos, temos um Governo Regional com uma receita extraordinária de IVA de 87 milhões de euros e que não implementa medidas para devolver rendimentos às pessoas ou para baixar o custo dos bens e dos serviços que consumimos”, disparou.
De acordo com o presidente do PS-Madeira, “temos de sair dos gabinetes, temos de falar com as pessoas, perceber quais são os problemas reais, para definirmos soluções concretas”. Algo que, constatou, o Executivo não faz, já que se esconde, por um lado para “tentar iludir os madeirenses acerca deste mundo supostamente perfeito em que vivemos (mas os indicadores demonstram uma realidade completamente diferente)”, e por outro lado porque não tem a coragem de estar frente a frente com as pessoas nem tem ideias e soluções para apresentar.
Sérgio Gonçalves voltou a vincar a necessidade de reduzir impostos, lembrando o facto de a Região ter uma receita extraordinária de IVA na ordem de 87 milhões de euros. “Temos de usar a Autonomia que temos para reduzir o preço dos bens e dos serviços que consumimos”, sublinhou, apontando que urge igualmente aplicar o diferencial fiscal de 30% em todos os escalões de IRS, para, de forma, imediata, devolver rendimentos às famílias para que possam fazer face ao aumento do custo de vida.
A um outro nível, o líder socialista considerou necessário criar incentivos ao arrendamento e à aquisição de habitação própria. “Hoje, o problema da habitação não é apenas de famílias carenciadas, é também dos jovens e da classe média, que está impedida de aceder ao mercado, dados os preços que se praticam”, referiu.
A dificuldade no acesso à saúde foi outro dos problemas apontados pelo presidente do PS-Madeira, dando conta do facto de, desde 2015, as listas de espera terem duplicado. Sérgio Gonçalves criticou a falta de transparência na gestão das listas de espera e defendeu, ainda, a implementação de tempos máximos de resposta garantidos, medida que já existe em todo o território nacional, mas que, na Madeira, o Governo Regional teima em não implementar.