O Grupo Parlamentar do Partido Socialista exige que o secretário regional da Saúde e Proteção Civil venha a público esclarecer a instabilidade que se verifica no Serviço de Psiquiatria do Serviço de Saúde da Região (SESARAM), motivada pelas demissões do respetivo diretor e de mais uma médica da especialidade.
Ainda há dois dias, foi tornada pública a demissão do diretor do referido serviço, o psiquiatra Daniel Neto e, já hoje, foi anunciada a saída de mais uma médica psiquiatra, em solidariedade com o colega de equipa, atendendo ao «mal-estar e ao ambiente conturbado e de difícil cooperação que se tem sentido nesta especialidade ao longo dos últimos meses».
No entender do líder parlamentar do PS-Madeira, esta é uma situação muito preocupante, tendo em conta a escalada que se tem verificado ao nível das doenças mentais, situação que se tem agravado com a conjuntura pandémica. «A saúde mental é uma área que deve merecer cada vez maior atenção por parte das autoridades de Saúde e não é compreensível como é que uma especialidade médica desta importância passa por momentos cada vez conturbados, quando deveria ser precisamente o contrário», alerta Rui Caetano.
O deputado do PS lembra que a crise causada pela pandemia de Covid-19 fez disparar o número de perturbações, como a ansiedade, o pânico, as depressões e outros distúrbios, quer por parte de crianças, quer de adultos e famílias inteiras que passam por maiores dificuldades nesta fase. «Verificamos que os casos de novas infeções por Covid continuam a bater recordes diários e que as situações de aflição em que se encontram muitas pessoas continuam a crescer, assim como o consumo de novas substâncias psicoativas por parte de muitos indivíduos, o que deveria exigir uma cada vez maior capacidade de resposta por parte da especialidade de psiquiatria», alerta Rui Caetano, elogiando o trabalho dos profissionais, mas advertindo para a necessidade de a tutela da Saúde garantir a tranquilidade exigível no serviço.
Por outro lado, o líder da bancada parlamentar socialista não deixa de questionar se haverá, ou não, uma possível ligação entre as demissões e as declarações que têm vindo a ser proferidas pelo diretor de serviço demissionário, Daniel Neto, em que tem alertado para a ineficiência da resposta que tem sido dada ao nível da saúde mental na Região.
Recorde-se que, recentemente, numa entrevista ao JM-Madeira, Daniel Neto afirmou que, «infelizmente, nos últimos 10 anos, os serviços de saúde na RAM não têm feito o seu trabalho», no que se refere ao combate e tratamento dos casos ligados ao consumo das novas substâncias psicoativas. Já depois de anunciada a sua demissão, o psiquiatra deu ainda conta que a Madeira está atrasada 30 anos no tratamento das doenças mentais.
Rui Caetano questiona, por isso, se as demissões na direção do Serviço de Psiquiatria foram, de facto, voluntárias, ou se, mais uma vez, «o autoritarismo e a intolerância» do Governo Regional é que ditam as regras. «Seria muito importante e uma atitude de respeito para com a população da Região que o senhor secretário esclarecesse a situação de instabilidade que se constata na área da saúde mental», remata o líder parlamentar do PS.